Mais de 10 mil operários do setor de construção civil que trabalham nas
empreiteiras do polo industrial de Cubatão estão em greve por tempo
indeterminado. A paralisação foi iniciada ontem, segunda-feira (06/05), e
atinge principalmente as empresas que prestam serviço à Petrobrás.
Com data-base em 1º de abril, a categoria reivindica reajuste salarial
com base na inflação de 12 meses, mais aumento real de 8%, vale-alimentação de
R$ 20,00, correção da grade salarial e um salário e meio da Participação nos
Lucros ou Resultados (PLR). Em reunião realizada na sexta-feira (03/05), eles
rejeitaram a contraproposta das empresas, que previa reajuste salarial com base
na inflação de maio e mais um aumento real que deixaria o pacote em torno de
7,7%.
Em 2012, os trabalhadores já haviam realizado uma greve forte por reajuste
salarial. No total, foram 12 dias de braços cruzados. Assim como acontece em
outros canteiros de obra espalhados pelo Brasil, sobretudo em Belo Monte, onde
os trabalhadores enfrentam a repressão do Governo Dilma, os operários da
construção civil de todo o país sofrem com a precarização das condições de trabalho
e com os baixos salários.
O crescimento acentuado da construção civil, verificado nos últimos
anos em todo o país, beneficia apenas as grandes empreiteiras - as maiores
financiadoras das campanhas eleitorais dos partidos tradicionais que se revezam
no poder. Não por acaso, mesmo com todo esse crescimento, os salários dos
trabalhadores não acompanham esse boom do setor. O único elemento que tem
crescido é o número de acidentes de trabalho e de mortes de operários,
principalmente por soterramento, queda ou choque elétrico. E o pior: na maior
parte dos casos, as comissões instauradas pelas empresas para apurar as causas
dos acidentes responsabilizam os trabalhadores pelas tragédias causadas pela sede de lucro das empresas.
Essa dura realidade explica, em grande medida, a radicalização dos trabalhadores
que muitas vezes se chocam com as direções sindicais. Em 2010, por exemplo, as
assembleias realizadas na porta da refinaria da Petrobrás, em Cubatão, foram
marcadas por constantes conflitos entre os trabalhadores, que lutavam pela
continuidade da greve, e o Sindicato (Sintracomos), que defendia o fim da
paralisação. Em muitas votações, os dirigentes sindicais foram atropelados pela
categoria. Em um vídeo postado no youtube por um trabalhador, isto fica claro (assista aqui).
Privatização e precarização
na Petrobrás
Existem hoje no Sistema Petrobrás mais de 300 mil trabalhadores terceirizados.
Enquanto isso, existem somente cerca de 90 mil empregados concursados. O
próprio TCU determinou o fim das terceirização na Petrobrás, mas a empresa não
cumpriu até hoje a determinação.
A decisão do TCU tem uma explicação simples: terceirização significa
precarização. As diferenças de direitos e de condições de trabalho são
absurdas. No ano passado, houve um acidente fatal na RPBC: a vítima, um
trabalhador terceirizado. E assim tem sido em todo o Sistema Petrobrás.
Os terceirizados são as maiores vítimas de acidentes de trabalho,
muitos deles fatais. Benefícios educacionais e plano de saúde, por exemplo, são
direitos que não fazem parte da realidade desses operários. As trabalhadoras
terceirizadas sofrem mais ainda, pois sentem na pele o assédio moral e sexual
dos chefes. Caso fiquem grávidas, invariavelmente são demitidas. Nem mesmo
cipeiros têm estabilidade e são sumariamente demitidos. A alimentação é de
baixa qualidade e o transporte também.
Se por um lado o governo de Lula retomou os concursos públicos, por
outro deu sequência aos leilões do petróleo e ao sucateamento das condições de
trabalho com o aumento vertiginoso de trabalhadores terceirizados. O processo
de privatização imposto por Dilma a setores essenciais da economia brasileira,
como portos, rodovias e aeroportos, também tem terreno fértil na maior
companhia do país. A 11ª rodada de leilões já tem data marcada (14 e 15 de
maio) e os tubarões do setor de petróleo já aguardam a oportunidade de
abocanhar nossas riquezas.
Com o Procop, programa de otimização de custos da Petrobrás que visa reduzir gastos à custa da (in)segurança das unidades e dos empregados, os trabalhadores terceirizados têm ainda mais motivos para
ficarem indignados. Se antes a situação já era crítica, com manutenção precária
das instalações e jornadas de trabalho exaustivas, com o novo programa da
companhia os riscos tornaram-se ainda maiores.
Por tudo isso, o PSTU se coloca ao lado da categoria em suas
reivindicações, apoiando incondicionalmente a luta dos operários da construção
civil de Cubatão por melhores salários e condições dignas de trabalho.
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