Super inflação dos alimentos no país da super-safra
Os trabalhadores estão vendo que ir à feira ou
ao mercado está cada vez mais caro, o dinheiro acaba e o carrinho de compras
não enche. Nos últimos 12 meses, o tomate aumentou 122,13% e a farinha de mandioca 151,39%. Só no mês passado o
preço da cebola aumentou 21,43%, do açaí 18,31%, da cenoura 14,96% e do feijão 9,08%.
O tomate, que tem causado (com razão) muitas reclamações entre os
trabalhadores, 6,14%(dados do IBGE).
O que causa estranheza é o fato de que esta super-inflação
veio acompanhada por outra realidade do campo: a super-safra de grãos, que
alcançou a produção de 184 milhões de toneladas (10% superior ao ano passado),
a maior colheita já registrada no Brasil. Toda esta produção das chamadas commodities agrícolas (mercadorias
produzidas em larga escala com vista à exportação, como a soja e o milho) tem
aumentado imensamente o lucro do grande agronegócio brasileiro e sufocado o
pequeno produtor rural. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), a área plantada de soja registrou no último ano um
crescimento de 2,67 milhões de hectares. Os milionários do agronegócio estão
rindo à toa.
Outro dado marcante deste
ano é o crescimento do “mercado dos artigos de luxo” no interior do Brasil.
Estas informações mostram como no campo brasileiro uma ínfima minoria tem
faturado muito com a política agropecuária brasileira de privilégio ao
agronegócio. De acordo com pesquisas da MCF, uma consultoria em produtos para a
“classe A” no Brasil, “O luxo no Brasil tem sido descentralizado,
embora ainda tenha maior representação no sudeste. Regiões do agronegócio, no
entanto, têm registrado cada vez mais pessoas da classe A, e é por elas que
marcas de luxo procuram”. Numa
entrevista com o diretor da Land Rover no Brasil, este cita que um dos carros
mais procurados pelos produtores rurais em ascensão trata-se de um esportivo de
auto-luxo que custa mais de R$400 mil.
Para quem governa a presidente Dilma?
O
Governo de Dilma Roussef tem mostrado de que lado está ao contribuir
diretamente para a concentração de terras no campo brasileiro. Por meio de estímulos
fiscais, crédito barato via BNDES e leis específicas (como foi o caso do código
florestal que privilegia o agronegócio em detrimento do meio ambiente), a
presidente Dilma tem sido generosa com os barões do agronegócio.
Recentemente,
este mesmo governo anunciou a isenção de impostos para produtos da cesta básica
como meio de evitar a inflação. Mas será que esta medida vai solucionar o
problema do preço dos alimentos?
Infelizmente,
acreditamos que não. Afinal, mesmo após a desoneração a cesta básica sofreu
alta. Uma família composta por quatro pessoas gastou, em média, R$ 829 para
comprar uma cesta básica em março – R$ 21 a mais que o que gastava no mês anterior
(dados do Dieese).
Com
isso, os trabalhadores são os que mais sofrem com esta realidade. A nossa
primeira necessidade (comer e beber) está consumindo, cada vez mais, quase a
totalidade de nosso orçamento.
O que fazer?
Este
problema só será resolvido com uma mudança radical no campo. O Brasil tem uma
grande abundância de recursos naturais. Entretanto, continuaremos de barriga
vazia enquanto estes recursos não estiverem a serviço das necessidades dos
trabalhadores. Enfim, de nada adiantará nossas terras repletas de soja.
A
questão agrária é uma questão de segurança e soberania nacional, de interesse
de toda a classe trabalhadora. Só uma reforma agrária radical no campo, uma
mudança na política de créditos em apoio ao pequeno produtor rural, acompanhada
de uma nacionalização dos grandes conglomerados do agronegócio, sob controle
dos trabalhadores do campo, pode aproveitar o potencial de nosso país e levar
fartura às mesas dos brasileiros.
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