A partir de amanhã, 23 de abril, mesmo após
diversos protestos e reclamações desde o anúncio da medida, os usuários do já
caótico transporte público de Santos terão uma nova dificuldade: sem exceção,
toda pessoa que precisar se locomover por meio dos ônibus municipais terá que
usar o chamado cartão-transporte. Com isso, nenhum veículo aceitará dinheiro
como pagamento.
Uma boa
medida... para a milionária Piracicabana
Para justificar a imposição unilateral do
cartão-transporte, o tucano Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), prefeito de Santos,
recorreu a um ótimo argumento: acabar com a dupla função do motorista e evitar
assaltos a ônibus. A população, à primeira vista, viu a medida com bons olhos.
Afinal, finalmente o prefeito iria atender uma antiga reivindicação dos
munícipes: o retorno do cobrador, que além de acabar com a dupla função, iria gerar
mais empregos. Nada mais inteligente.
Entretanto, decidindo inovar de maneira trágica na
forma de gerir o transporte público de Santos, Paulo Barbosa - o Paulinho
Paulada - preferiu usar a medida para presentear a Piracicabana com uma
alteração que irá engordar ainda mais o já generoso orçamento da viação, cujo
faturamento até hoje segue fechado a sete chaves.
Ao acabar com a dupla função, sem aplicar o retorno
da figura do cobrador, Paulinho Paulada permite à Piracicabana uma economia
considerável: além de não aumentar os postos de trabalho, a empresa ainda
exclui a gratificação recebida pelos motoristas por exercerem dupla função. E,
de quebra, acaba com a possibilidade de assaltos aos cofres da empresa. Já os
usuários, que muitas vezes são obrigados a viajar com o salário no bolso, não
têm nenhuma garantia de que serão poupados de possíveis furtos e assaltos. Ou
seja, a medida é realmente ótima. Mas para a Piracicabana.
Ao aliar transporte caótico (longas filas nos
pontos, ônibus lotados e sem infraestrutura) com uma das passagens mais caras
do país (R$ 2,90), a Piracicabana já consegue uma margem de lucro exorbitante.
Somado a isso, ainda temos o ônibus seletivo,
"solução" que segrega e elitiza ainda mais a cidade. Com isso, apenas
os moradores com condições de pagar R$ 3,50 em uma única passagem podem se dar
ao “luxo” de viajar em ônibus com ar-condicionado, assentos estofados, ambiente
limpo e nenhum passageiro em pé. Os responsáveis pelo caos no transporte
público da cidade não têm o menor constrangimento de obter ainda mais lucro com
o sofrimento diário da população.
Medida já
começa a ser questionada
Em resposta à alteração, a Promotoria de Justiça
Cível de Santos abriu inquérito civil para acompanhar a implantação do
pagamento das tarifas exclusivamente por cartão magnético no serviço de
transporte coletivo municipal de Santos.
Como vem sendo divulgado na internet, caso
semelhante aconteceu em Campo Grande (MS), onde a população passou a registrar
Boletim de Ocorrência contra as empresas que não aceitavam dinheiro.
Segundo a própria legislação brasileira, a medida
adotada pela Prefeitura de Santos é inconstitucional, uma vez que recusar moeda
corrente em território nacional é contravenção. Quando se trata de serviço
essencial à população, nem se fala.
Vem reajuste
por aí...
Embora tente se esquivar do tema, afinal traria
ainda mais indignação, não há dúvidas de que Paulinho Paulada anunciará em
breve um aumento na passagem. O que ele quer, neste momento, é dividir o pacote
de maldades em duas partes para evitar confrontos. No entanto, mais
presentinhos à Piracicabana vem por aí.
Em entrevista ao jornal A Tribuna, no dia 2 de abril,
ele deu o recado. A solicitação de
aumento nas tarifas já é um pedido que, segundo o prefeito, está em sua mesa
desde o primeiro dia do seu mandato, escreveu o jornal. "Os reajustes têm um calendário. Tanto que outras cidades da
região já reajustaram", afirmou o prefeito. Mais claro, impossível.
De fato, Paulinho Paulada tem razão: as demais
cidades já reajustaram o valor da passagem. Está claro que não é exclusividade
de Santos a relação promíscua entre os prefeitos eleitos e a viação. A empresa
financia suas campanhas, os prefeitos eleitos financiam o crescimento do lucro
da empresa. E assim se mantém o monopólio do transporte público da Região à
custa do sofrimento da população.
Em Praia Grande, subiu de R$ 2,90 para R$ 3,20.
Nenhuma capital do país tem uma tarifa tão cara! Em Guarujá, a passagem passou
de R$ 2,60 para R$ 2,90, e em São Vicente o valor da lotação aumentou de R$
2,45 para R$ 2,70.
É preciso seguir o exemplo da juventude e dos
trabalhadores de Porto Alegre (RS), que nas ruas conseguiram revogar o aumento
da passagem na capital. Só com lutas há conquistas!
O PSTU defende:
- Abertura imediata do faturamento da Viação
Piracicabana;
- Revogação da medida que impede o pagamento em
dinheiro;
- Retorno da função de cobrador para gerar empregos
e acabar com a dupla função;
- Estatizar toda a rede de transporte para poder
planificar o transporte e baratear as passagens;
- Investir 2% do PIB para o transporte público
estatal e de qualidade, permitindo assim investimentos em transporte
metroferroviário;
- Implantação de tarifa reduzida (social) para
possibilitar acesso a população, estendendo a gratuidade aos estudantes e
desempregados;
- Nenhum dinheiro público para o sistema privado!
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