9 de fevereiro de 2015

Assassinato de jovem em Santos expõe aprofundamento da barbárie capitalista

Guilherme Irineu, da Juventude do PSTU Baixada Santista

Na última terça-feira (3), um jovem foi assassinado próximo às dependências da universidade em que estudava, em Santos. Matheus Demétrio do Santos, de 19 anos, foi alvo de um disparo pelas costas por um indivíduo não identificado. 

Pelas informações divulgadas até aqui pela imprensa, os investigadores descartam a possibilidade de tentativa de roubo, pois ele teria se aproximado da vítima com a intenção de disparar sem qualquer tentativa de roubo. O testemunho de uma prima de Mateus reforça essa tese. Segundo ela, seu primo teria sido vítima de crime passional. 

Logo após o assassinato, uma grande comoção tomou conta das redes sociais. Amigos, moradores da cidade e outros estudantes, com razão, demonstraram tristeza e choque diante da morte de Mateus. Em primeira instância, a população tratou o caso como um problema de segurança pública, o que gerou muitos debates sobre a violência urbana e suas consequências. 

Ódio seletivo
Infelizmente, se alastrando como pólvora, não houve apenas espaço para o legítimo sentimento de perda e perplexidade. Flertando com o que há de mais reacionário sobre o tema, muitas pessoas passaram a endossar discursos de roupagem fascista como a defesa de pena de morte, a volta da ditadura militar de 1964, assim como a “suspeita" automática - de cunho racista e preconceito de classe - sobre pobres e negros da periferia. 

Nós, do PSTU, manifestamos nosso profundo pesar a familiares e amigos, sabendo que a perda é irreparável e que uma punição rigorosa deve ser aplicada ao culpado. 

No entanto, mesmo diante dessa perda, não podemos deixar de repudiar essas declarações e citar um elemento exposto com essa tragédia: o ódio seletivo. Foi “necessária" a morte de um jovem branco, de classe média para que um setor da sociedade, enfim, se mostrasse comovido pela morte de um ser humano e indignado com a violência. Não testemunhamos o mesmo sentimento quando, diariamente, assistimos ao genocídio da população pobre e, majoritariamente, negra das regiões pobres do país. E, o pior, violência institucionalizada ao ser cometida em grande parte pela Polícia Militar de todos os estados.

Por isso, reiteramos: é claro que o assassinato de qualquer pessoa deve ser veementemente repreendido, mas para a sociedade conservadora a morte de um jovem branco tem muito mais peso do que as centenas de mortes de autoria do Estado. Dois pesos, duas medidas.

Tal comoção a esse terrível crime e a indiferença aos assassinatos diários de negros e pobres no Brasil escancara um mundo extremamente desigual, dividido em classes, e demonstra a profunda crise social e barbárie que são produzidas pelo capitalismo. Não é a primeira vez e nem será a última, infelizmente, que diante de tragédias como essa surgem aspectos de bestialidade em diversos setores da sociedade. Seja fruto da insegurança pública, na hipótese de tentativa de assalto, seja fruto do machismo, por conta de um possível crime passional, a morte de Matheus evidencia um mundo doente. 

Nós do PSTU, frente a essa barbárie causada pela exploração capitalista, lutamos diariamente para que a violência fruto de tanta desigualdade seja destruída e uma sociedade igualitária e socialista, sem explorações e opressões, possa permitir que os jovens e os trabalhadores possam viver em paz.

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