22 de abril de 2013

Mais um presente de Paulo Barbosa à Piracicabana


A partir de amanhã, 23 de abril, mesmo após diversos protestos e reclamações desde o anúncio da medida, os usuários do já caótico transporte público de Santos terão uma nova dificuldade: sem exceção, toda pessoa que precisar se locomover por meio dos ônibus municipais terá que usar o chamado cartão-transporte. Com isso, nenhum veículo aceitará dinheiro como pagamento.

Uma boa medida... para a milionária Piracicabana
Para justificar a imposição unilateral do cartão-transporte, o tucano Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), prefeito de Santos, recorreu a um ótimo argumento: acabar com a dupla função do motorista e evitar assaltos a ônibus. A população, à primeira vista, viu a medida com bons olhos. Afinal, finalmente o prefeito iria atender uma antiga reivindicação dos munícipes: o retorno do cobrador, que além de acabar com a dupla função, iria gerar mais empregos. Nada mais inteligente.

Entretanto, decidindo inovar de maneira trágica na forma de gerir o transporte público de Santos, Paulo Barbosa - o Paulinho Paulada - preferiu usar a medida para presentear a Piracicabana com uma alteração que irá engordar ainda mais o já generoso orçamento da viação, cujo faturamento até hoje segue fechado a sete chaves.

Ao acabar com a dupla função, sem aplicar o retorno da figura do cobrador, Paulinho Paulada permite à Piracicabana uma economia considerável: além de não aumentar os postos de trabalho, a empresa ainda exclui a gratificação recebida pelos motoristas por exercerem dupla função. E, de quebra, acaba com a possibilidade de assaltos aos cofres da empresa. Já os usuários, que muitas vezes são obrigados a viajar com o salário no bolso, não têm nenhuma garantia de que serão poupados de possíveis furtos e assaltos. Ou seja, a medida é realmente ótima. Mas para a Piracicabana.

Ao aliar transporte caótico (longas filas nos pontos, ônibus lotados e sem infraestrutura) com uma das passagens mais caras do país (R$ 2,90), a Piracicabana já consegue uma margem de lucro exorbitante.

Somado a isso, ainda temos o ônibus seletivo, "solução" que segrega e elitiza ainda mais a cidade. Com isso, apenas os moradores com condições de pagar R$ 3,50 em uma única passagem podem se dar ao “luxo” de viajar em ônibus com ar-condicionado, assentos estofados, ambiente limpo e nenhum passageiro em pé. Os responsáveis pelo caos no transporte público da cidade não têm o menor constrangimento de obter ainda mais lucro com o sofrimento diário da população.

Medida já começa a ser questionada
Em resposta à alteração, a Promotoria de Justiça Cível de Santos abriu inquérito civil para acompanhar a implantação do pagamento das tarifas exclusivamente por cartão magnético no serviço de transporte coletivo municipal de Santos.

Como vem sendo divulgado na internet, caso semelhante aconteceu em Campo Grande (MS), onde a população passou a registrar Boletim de Ocorrência contra as empresas que não aceitavam dinheiro.

Segundo a própria legislação brasileira, a medida adotada pela Prefeitura de Santos é inconstitucional, uma vez que recusar moeda corrente em território nacional é contravenção. Quando se trata de serviço essencial à população, nem se fala.

Vem reajuste por aí...
Embora tente se esquivar do tema, afinal traria ainda mais indignação, não há dúvidas de que Paulinho Paulada anunciará em breve um aumento na passagem. O que ele quer, neste momento, é dividir o pacote de maldades em duas partes para evitar confrontos. No entanto, mais presentinhos à Piracicabana vem por aí.

Em entrevista ao jornal A Tribuna, no dia 2 de abril, ele deu o recado. A solicitação de aumento nas tarifas já é um pedido que, segundo o prefeito, está em sua mesa desde o primeiro dia do seu mandato, escreveu o jornal. "Os reajustes têm um calendário. Tanto que outras cidades da região já reajustaram", afirmou o prefeito. Mais claro, impossível.

De fato, Paulinho Paulada tem razão: as demais cidades já reajustaram o valor da passagem. Está claro que não é exclusividade de Santos a relação promíscua entre os prefeitos eleitos e a viação. A empresa financia suas campanhas, os prefeitos eleitos financiam o crescimento do lucro da empresa. E assim se mantém o monopólio do transporte público da Região à custa do sofrimento da população.

Em Praia Grande, subiu de R$ 2,90 para R$ 3,20. Nenhuma capital do país tem uma tarifa tão cara! Em Guarujá, a passagem passou de R$ 2,60 para R$ 2,90, e em São Vicente o valor da lotação aumentou de R$ 2,45 para R$ 2,70.

É preciso seguir o exemplo da juventude e dos trabalhadores de Porto Alegre (RS), que nas ruas conseguiram revogar o aumento da passagem na capital. Só com lutas há conquistas!

O PSTU defende:

- Abertura imediata do faturamento da Viação Piracicabana;
- Revogação da medida que impede o pagamento em dinheiro;
- Retorno da função de cobrador para gerar empregos e acabar com a dupla função;
- Estatizar toda a rede de transporte para poder planificar o transporte e baratear as passagens;
- Investir 2% do PIB para o transporte público estatal e de qualidade, permitindo assim investimentos em transporte metroferroviário;
- Implantação de tarifa reduzida (social) para possibilitar acesso a população, estendendo a gratuidade aos estudantes e desempregados;
- Nenhum dinheiro público para o sistema privado!

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