11 de setembro de 2013

Sobre espionagem, Petrobrás e hipocrisia

Acaba de vir à público a denuncia de que a agencia de segurança dos EUA, a já famosa NSA, teria monitorado (espionado para usar termo da moda) a Petrobrás. A presidenta Dilma Rousseff, em mais um arroubo de "indignação" se saiu com a seguinte pérola: "o interesse dos EUA na espionagem/monitoramento não é de segurança nacional como dizem, e sim interesse econômico, o que é inaceitável."

Também concordo que é inaceitável a espionagem/monitoramento de informações de cidadãos, empresas e dos governos, feitos pelos EUA. Nós repudiamos a espionagem/monitoramento praticado pelos EUA contra o nosso ou qualquer outro país. Mas, fora este acordo com a presidenta Dilma, não posso deixar de fazer alguns registros.

- Primeiro, de que é óbvio que os interesses dos EUA são economicos. Desde sempre, toda vez que esta potencia fala em interesses de "segurança nacional", em ações com objetivos "humanitários", em necessidade de "eliminar armas de destruição em massa", em defesa "dos direitos humanos" para agredir outras nações, o mundo todo já sabe que a tradução é simples e uma só: trata-se de defender os interesses economicos das grandes corporações norte-americanas. Se a diplomacia brasileira não sabe disso não sabe nada.

Por isso mesmo devemos ser sempre contra as ações desta natureza das potencias imperialistas, sejam ações de espionagem (o caso de agora) sejam as intervenções militares como se ameaça agora em relação à Síria, e a que já foi colocada em prática contra o Haiti, com a vergonhosa participação do mesmo governo brasileiro, da presidenta Dilma.

- Segundo, trata-se de pura hipocrisia do governo Dilma a "indignação" com a ação dos EUA, que teria atingido a Petrobrás e a soberania do país. Ora, este mesmo governo, dando seguimento à política de seus antecessores (Lula e FHC) é responsável por colocar à venda na Bolsa de Nova Iorque e para acionistas estrangeiros, quase metade das ações da mesma Petrobrás.

Em março deste ano, 26,9% das ações ordinárias da empresa (com direito a voto), e 43,7% das ações preferenciais (sem direito a voto, mas com prioridade para abocanhar o lucro da empresa) estavam em mãos de estrangeiros, em sua grande maioria do capital financeiro dos EUA. Isso significa um ataque muito mais grave à integridade da empresa e à soberania do país do que o monitoramento denunciado pelo governo.

- E, em terceiro lugar, se o governo brasileiro quer ter alguma autoridade moral para criticar espionagem e monitoramento da parte de quem quer que seja, precisa desmontar seus próprios aparatos de repressão e "segurança", que infiltram agentes da polícia nos movimentos sociais e organizações da classe trabalhadora, e monitoram telefones e e-mails de seus dirigentes. Ou a ditadura não acabou?

Zé Maria, presidente nacional do PSTU (opinião emitida em sua página oficial no Facebook).

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