23 de maio de 2013

Uso obrigatório do cartão e aumento na passagem. A inovação de Paulo Barbosa (PSDB) para o transporte


Após adiar por um mês a obrigatoriedade do uso de cartão-transporte nos ônibus de Santos, o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), o Paulinho Paulada, colocou em prática hoje, 23 de maio, uma medida que apenas confirma aquilo que o PSTU já havia denunciado durante o período de campanha eleitoral: Paulo Barbosa irá governar para os ricos.

O veto ao uso de dinheiro nos ônibus - um verdadeiro presente de Paulo Barbosa à Piracicabana - irá engordar ainda mais o já generoso orçamento da viação, cujo faturamento segue fechado a sete chaves até hoje. 

Com a alteração, a viação Piracicabana extingue a dupla função dos motoristas, que recebiam um adicional por esta tarefa extra, mas em contrapartida não promove a contratação de cobradores, antiga reivindicação da população e dos próprios motoristas.

A economia aos cofres da empresa será, evidentemente, enorme. Somado a isso, os proprietários da viação não correm mais riscos de assaltos, uma vez que não haverá mais circulação de dinheiro nos veículos. O mesmo não podemos dizer dos usuários, que seguirão expostos aos riscos de furtos e assaltos.

O prefeito tucano promete "eficiência" na alteração, alegando a criação de inúmeros postos de venda de cartões (diretos e terceirizados), inclusive alguns 24 horas. Entretanto, a população já tem apontado diversas falhas, como o anúncio de postos de venda que não prestam os serviços anunciados e que sequer funcionam durante toda a madrugada. Além disso, "coincidentemente" alguns postos vendem apenas cartões com 10 passagens, sendo os cartões múltiplos de apenas "ida e volta" artigos raros na cidade. Esta "falha" permite à empresa um adiantamento generoso de dinheiro. 

Aos trabalhadores e trabalhadores de outras cidades que, por acaso, estiverem em Santos pela primeira vez - e de madrugada - o problema é ainda maior. Afinal, além de ter que comprar cartões com 10 passagens, correm o risco de nem mesmo conseguir comprar esses cartões caso não estejam perto de um posto de venda 24h que realmente exista ou funcione.

As excepcionalidades, que seriam o pagamento da passagem em dinheiro três vezes no mês, não funcionam nem mesmo no primeiro dia do novo sistema. Já existem reclamações de usuários que foram obrigados a descer do ônibus por não terem o cartão - seja porque ainda não chegou em sua casa, seja porque discordam desta imposição absurda. 

Aumento na passagem é certo
Somado ao novo sistema, o prefeito inaugurou a nova frota de ônibus. Anunciada com muito entusiasmo pelo governo municipal, os tais 30 veículos equipados com Wi-Fi e ar-condicionado servirão para "justificar" o iminente aumento na passagem.

Em entrevista ao jornal A Tribuna, no dia 2 de abril, o prefeito afirmou que a solicitação de aumento nas tarifas já é um pedido que está em sua mesa desde o primeiro dia do seu mandato. "Os reajustes têm um calendário. Tanto que outras cidades da região já reajustaram", afirmou o prefeito. Nesta quinta-feira, em entrevista ao jornal A Tribuna, ele foi ainda mais claro ao dizer que "existem outros componentes que influem no valor como diesel, que serão avaliados". 

Representantes da Piracicabana também preparam o terreno. Ao mesmo jornal, afirmaram que "só o ar-condicionado instalado nos ônibus consome entre 20% e 30% a mais de diesel". Ou seja, as "melhorias" oferecidas pela empresa e pelo prefeito não virão sem um alto custo para os passageiros, que seguem sofrendo com ônibus lotados e longas esperas nos pontos. 

Este é o resultado da mercantilização do direito de ir e vir, com a privatização de um direito constitucional: o acesso da população a um transporte público e de qualidade.

Por isso, o PSTU defende:

- Abertura imediata do faturamento da Viação Piracicabana;
- Revogação da medida que impede o pagamento em dinheiro;
- Retorno da função de cobrador para gerar empregos e acabar com a dupla função;
- Estatizar toda a rede de transporte para poder planificar o transporte e baratear as passagens;
- Investir 2% do PIB para o transporte público estatal e de qualidade, permitindo assim investimentos em transporte metroferroviário;
- Implantação de tarifa reduzida (social) para possibilitar acesso a população, estendendo a gratuidade aos estudantes e desempregados;
- Nenhum dinheiro público para o sistema privado!

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